quarta-feira, 1 de maio de 2013

Inimigos da Cruz



            Paulo, ao escrever aos Filipenses demonstrou imensa preocupação a um povo que deseja realmente servir a Cristo; contudo, havia no meio deles, alguns que o apóstolo chamou de inimigos da cruz. Quem eram eles? Em Filipenses 3: 18, 19 eles são descritos da seguinte forma: o deus deles é seu ventre, e a glória deles é a infâmia e se preocupam com coisas terrenas.
            Existem dois pontos que precisamos definir antes de continuar: o primeiro é que Paulo falava de crentes. Os ímpios, ou descrentes, não são inimigos da cruz, mas sim de Deus, grupo a qual parte fazíamos antes (Romanos 5: 10). Paulo também chamou de inimigos do evangelho o próprio povo de Israel, ainda que eleitos de Deus (Romanos 11: 26, 27, 28). Isso é apoiado pelo contexto do versículo: sede meus imitadores...existem muitos que, pela sua maneira de viver...(Filipenses  3: 17, 18). Então, os inimigos da cruz são alguns que confessavam a Cristo, mas por sua maneira de viver, se tornaram inimigos da cruz. Para isso, Paulo explana três características, que não parecem serem pontos isolados, mas intimamente ligados.
            O deus deles é o ventre: a palavra ventre aqui tem um sentido figurado; do texto grego original  koilia se refere realmente a barriga, abdômen, mas figurava o coração, o interior do homem. Essa é a mesma palavra usada em João 7: 38: quem crer em mim, como diz a escritura, do seu interior (koilia) fluirá rios de água viva. Aqui cabe a parte interpretativa, e dentro dessa, vemos que o sentido original é: o deus deles são seus sentimentos e desejos.
            Mas então temos um problema: todo cristão, naturalmente, ainda que novo nascido, possui estes desejos e sentimentos. Paulo fala disso em Romanos, ao descrever nossa luta contra natureza, nossa carne (Romanos 7: 14 a 21). Somos crentes carnais porque ainda habitamos nesta carne, ainda que pelo nosso espírito desejemos servir a Deus. A diferença é que, os inimigos da cruz, preferem servir a sua carne em detrimento ao evangelho. Significa que são crentes que usam da cruz de Cristo para fins próprios, onde suas satisfações se realizadas por eles mesmos e não na cruz. Paulo, em Romanos e Colossenses, ensina a cristãos que lutam contra sua carne a mortificando (Romanos 8: 13; Colossenses 3: 5 a10).
            O problema é que eles ainda amavam o pecado. A glória deles era o infâmia. Provavelmente eram crentes que se orgulhavam de quem eram ou foram. Significa que eram crentes que lembravam da sua vida vergonhosa antes e contavam vantagens delas como se fossem orgulho. Ainda que fossem crentes, cressem em Cristo, não entendiam que precisavam viver uma vida diferente da que viviam antes (Filipenses 3: 14; Romanos 6: 10,11).
            E o terceiro problema era que tinham sua vida centrada com as coisas terrenas. Temos que entender que ainda que vivamos na terra, nossa visão não é a mesma dos ímpios (Mateus 6: 19, 20, 21, 24 a 34). Paulo sempre aconselhou que os cristãos buscam a Deus em Cristo (Colossenses 3: 1; Filipenses 4: 8). Paulo tinham plena convicção de que tudo o que os crentes precisavam estava em Cristo, e é por isso que versos antes dissera que considerava tudo aquilo que humanamente era honrável como perda a fim de ganhar o conhecimento de Cristo.
            Resumidamente, eram crentes, que participavam dos cultos, faziam parte da membresia, mas negavam a eficácia da cruz a tratando somente como uma religião qualquer pagã. Filipos era uma cidade colonizada por Romanos, e idolatrava deuses como Juno, Júpiter e Marte, mas principalmente por deuses trácios, povo que segundo Flavio Josefo, vinham da linhagem de Jafé, um dos filhos de Noé. Apenas uma curiosidade, mas que demonstra que a cidade possui fortes influencias pagãs.
            Ainda que a carta ao Filipenses seja pequena e de caráter mais pastoral do que doutrinário, encontramos neste contexto um grupo que era tão diferente que Paulo usou essa expressão, inimigos da cruz, para nominá-los. Paulo aprimora a nomenclatura, ao falar de tempos trabalhosos, onde muitos serão mais amigos de deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade mas negando sua eficácia (II Timóteo 3: 1 a 5).
            Mas hoje, quem são os inimigos da cruz?
            Fazendo um pequeno panorama, posso dizer que, contextualizando o momento pelo qual a igreja passa e pelas características pelas quais Paulo cita, são crentes nominais, que frequentam igrejas, até se batizam, mas que, ainda que aceitem a mensagem da cruz, usam dela para fins próprios. Infelizmente, muito da teologia da confissão positiva e de prosperidade contribui para estes tipos de crentes. São pessoas que seguem o evangelho, mas seus princípios são mundanos, ímpios.
            É muito difícil expor alguns textos bíblicos e não fazer uma comparação sobre os ensinamentos de Paulo e outros apóstolos sobre heresias dentro da própria igreja. No próximo post, vou trazer algumas características, na verdade, princípios pelos quais se define um crente fiel, de um inimigo da cruz
            Paz de Cristo.

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