Paulo,
ao escrever aos Filipenses demonstrou imensa preocupação a um povo que deseja
realmente servir a Cristo; contudo, havia no meio deles, alguns que o apóstolo
chamou de inimigos da cruz. Quem eram
eles? Em Filipenses 3: 18, 19 eles são descritos da seguinte forma: o deus deles é seu ventre, e a glória deles
é a infâmia e se preocupam com coisas terrenas.
Existem
dois pontos que precisamos definir antes de continuar: o primeiro é que Paulo
falava de crentes. Os ímpios, ou descrentes, não são inimigos da cruz, mas sim
de Deus, grupo a qual parte fazíamos antes (Romanos 5: 10). Paulo também chamou
de inimigos do evangelho o próprio povo de Israel, ainda que eleitos de Deus
(Romanos 11: 26, 27, 28). Isso é apoiado pelo contexto do versículo: sede meus imitadores...existem muitos que,
pela sua maneira de viver...(Filipenses
3: 17, 18). Então, os inimigos da cruz são alguns que confessavam a
Cristo, mas por sua maneira de viver, se tornaram inimigos da cruz. Para isso,
Paulo explana três características, que não parecem serem pontos isolados, mas
intimamente ligados.
O deus deles é o
ventre: a palavra ventre aqui tem um sentido
figurado; do texto grego original koilia se refere realmente a barriga, abdômen, mas
figurava o coração, o interior do homem. Essa é a mesma palavra usada em João
7: 38: quem crer em mim, como diz a
escritura, do seu interior (koilia) fluirá rios de água viva. Aqui cabe a parte interpretativa, e dentro dessa, vemos que o sentido
original é: o deus deles são seus sentimentos e desejos.
Mas então temos um
problema: todo cristão, naturalmente, ainda que novo nascido, possui estes
desejos e sentimentos. Paulo fala disso em Romanos, ao descrever nossa luta
contra natureza, nossa carne (Romanos 7: 14 a 21). Somos crentes carnais porque
ainda habitamos nesta carne, ainda que pelo nosso espírito desejemos servir a
Deus. A diferença é que, os inimigos da cruz, preferem servir a sua carne em
detrimento ao evangelho. Significa que são crentes que usam da cruz de Cristo
para fins próprios, onde suas satisfações se realizadas por eles mesmos e não
na cruz. Paulo, em Romanos e Colossenses, ensina a cristãos que lutam contra
sua carne a mortificando (Romanos 8: 13; Colossenses 3: 5 a10).
O problema é que eles
ainda amavam o pecado. A glória deles era
o infâmia. Provavelmente eram crentes que se orgulhavam de quem eram ou
foram. Significa que eram crentes que lembravam da sua vida vergonhosa antes e
contavam vantagens delas como se fossem orgulho. Ainda que fossem crentes,
cressem em Cristo, não entendiam que precisavam viver uma vida diferente da que
viviam antes (Filipenses 3: 14; Romanos 6: 10,11).
E o terceiro problema
era que tinham sua vida centrada com as coisas terrenas. Temos que entender que
ainda que vivamos na terra, nossa visão não é a mesma dos ímpios (Mateus 6: 19,
20, 21, 24 a 34). Paulo sempre aconselhou que os cristãos buscam a Deus em Cristo
(Colossenses 3: 1; Filipenses 4: 8). Paulo tinham plena convicção de que tudo o
que os crentes precisavam estava em Cristo, e é por isso que versos antes
dissera que considerava tudo aquilo que humanamente era honrável como perda a
fim de ganhar o conhecimento de Cristo.
Resumidamente, eram
crentes, que participavam dos cultos, faziam parte da membresia, mas negavam a
eficácia da cruz a tratando somente como uma religião qualquer pagã. Filipos
era uma cidade colonizada por Romanos, e idolatrava deuses como Juno, Júpiter e
Marte, mas principalmente por deuses trácios, povo que segundo Flavio Josefo,
vinham da linhagem de Jafé, um dos filhos de Noé. Apenas uma curiosidade, mas
que demonstra que a cidade possui fortes influencias pagãs.
Ainda que a carta ao
Filipenses seja pequena e de caráter mais pastoral do que doutrinário,
encontramos neste contexto um grupo que era tão diferente que Paulo usou essa expressão,
inimigos da cruz, para nominá-los. Paulo aprimora a nomenclatura, ao falar de
tempos trabalhosos, onde muitos serão mais amigos de deleites do que amigos de
Deus, tendo aparência de piedade mas negando sua eficácia (II Timóteo 3: 1 a
5).
Mas hoje, quem são os
inimigos da cruz?
Fazendo um pequeno
panorama, posso dizer que, contextualizando o momento pelo qual a igreja passa
e pelas características pelas quais Paulo cita, são crentes nominais, que
frequentam igrejas, até se batizam, mas que, ainda que aceitem a mensagem da
cruz, usam dela para fins próprios. Infelizmente, muito da teologia da confissão
positiva e de prosperidade contribui para estes tipos de crentes. São pessoas
que seguem o evangelho, mas seus princípios são mundanos, ímpios.
É muito difícil expor
alguns textos bíblicos e não fazer uma comparação sobre os ensinamentos de
Paulo e outros apóstolos sobre heresias dentro da própria igreja. No próximo
post, vou trazer algumas características, na verdade, princípios pelos quais se
define um crente fiel, de um inimigo da cruz
Paz de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente com temperança e mansidão. Se de alguma forma não concordar com alguma coisa, ou verificar algum erro ou discordância com a Bíblia, esteja livre para comentar. O Objetivo deste blog é simplesmente compartilhar com os irmãos em Cristo sobre a necessidade da genuína transformação através da Palavra de Deus. Por isso, vigie, não use palavras de baixo calão, acima de tudo, que seja sempre para edificação