segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Bíblia não é Suficiente?


            Há uma propagação dentro das igrejas evangélicas no Brasil que técnicas sociais, culturais, cientificas, psicológicas, administrativas, motivacionais, podem e devem ser usadas ombreando a edificação da igrejas em todos os seus setores, desde a área do ensino até questões administrativas, como a tesouraria. É mais comum vermos em seminários pastorais e congressos a exposição de recursos motivacionais de empresas do que a exposição das escrituras, ou quando muito, uma visão bastante estranha àquelas que vemos nas cartas de Paulo a Timóteo, consideradas pastorais, concernente a vida de um líder cristão.
            Deixe-me ser mais claro: acho que utilizar qualquer recurso que não possua no mínimo princípios bíblicos é algo humano, carnal e extremamente destrutivo. Dentre as ciências humanas que mais tem entrado nas igrejas, destaco a psicologia .
            Dentro da psicologia, vemos cada vez mais um conhecimento humano, numa espécie de adestramento mental, onde mensagens baseiam sua estrutura numa exposição da psique dos ouvintes, através de detalhamentos de seus problemas, sendo de ordem social (a pobreza, falta de dinheiro, recursos escassos ou falta de expectativas), emocional (problemas familiares, de relacionamentos), de ordem intrapessoal, (como a baixa autoestima) físicas (doenças, vícios). Esse recurso, chamado por muitos de “pontes” trazem às mensagens um cunho muito pessoal, inteligente, simétrico e extremamente produtivo.
            Como consequências, os ouvintes se sentem compreendidos, e ficam mais abertos a uma pregação, que geralmente oferece a religião como uma solução de seus problemas anteriormente tratados. Vejo dois grandes problemas:
            O primeiro é basicamente herético. As escrituras nunca buscaram centralizar uma mensagem onde nós somos o centro das atenções. Por exemplo, quando Deus se apresenta a Moisés ele diz: ...Terei misericórdia de que EU QUISER ter misericórdia, e me compadecerei de quem EU QUISER me compadecer (Êxodo 33: 19, grifo meu). Se nós lermos todo o antigo testamento, com seus desdobramentos históricos, perceberemos que o homem nunca foi o tema central (ainda que fosse por meio dele que Deus se revelasse e a ele a quem se dirigia).
            Por exemplo em Isaías 43: 25 está escrito: Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.
            Mesmo o amor de Deus por Israel tinha por base não as expectativas da retribuição deles, mas sua própria vontade, seu próprio nome, conforme se revela em Ezequiel 14, quando Deus usa o profeta para revelar que cada ação sua, desde revelação, até a conservação do povo tinha por base sua própria vontade.
            Isso não exclui o amor de Deus por seu povo escolhido, mas delimita muito bem a questão da centralidade do amor de Deus. É sabido da igreja que Deus não reparte sua glória com ninguém (Isaías 48:11). Mas muitas vezes não entendemos que glória é simplesmente a demonstração de virtudes, desde riqueza (como a glória de Salomão, descrita por Jesus, em Mateus 6: 29) até mesmo o conhecimento (II Coríntios 4: 6). Sabendo que o amor de Deus é também glória de Deus, ainda que sua glória se estenda aos homens, precisamos entender que o inicio, meio e fim de todas as coisas é Deus, e não o homem (Romanos 11: 36).
            O segundo problema do uso da psicologia em cima de púlpitos, em aconselhamentos e ensino nas igrejas é a deturpação das escrituras. É possível sim alguém cometer heresia usando a bíblia, mas quando usamos artifícios não-bíblicos a abrangência destes se torna quase imperceptível. Mas essa imperceptibilidade possui o poder de ludibriar a muitos, pois se assemelham a alguma piedade, quando na verdade são argumentos humanos travestidos de justiça própria. A marca desta psicologia se encontra na busca do bem estar do homem, na sua própria paz, através de um autoconhecimento e busca de resposta em si mesmo, quando a Bíblia ensina que a verdadeira paz se encontrar em conhecer a Deus (João 16:33).
            Dentro de uma visão bíblica, fico com Pedro:
            Visto com, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que chamou para sua própria glória e virtude
II Pedro 1: 3.
            Eu não estou aqui fazendo a alusão de separatismo radical. Apenas chamo a atenção para um estudo e conhecimento mais minucioso daquilo que tem sido pregado e ensinado nas igrejas. Creio que toda e qualquer ferramenta usada nas igrejas precisa ser analisada a luz das escrituras. O apóstolo João ensina que não devemos crer em todo espírito (I João 4: 1). O original desta palavra, espírito, não engloba somente o mundo espiritual, mas também a disposição mental a qual se está inferindo à igreja.
            Se cremos que as escrituras são divinamente inspiradas, também estamos dizendo que não somente ela é digna de fé, como também possui o peso principal para todo e qualquer ensinamento.
            Por último: não contra o uso da psicologia, seja ela científica (neurociência, por exemplo) ou prática (como a psicologia comportamental). Sou contra a influencia destas em áreas conhecidamente espirituais, como a salvação, princípios reguladores de fé (em quem cremos, o que esperamos dessa fé, quais as doutrinas dessa fé). Sou contra técnicas psicologias manipulativas dentro de nossos cultos (coisas como o aperte a mão do seu irmão, que são técnicas indutivas de atenção) ou mesmo dentro das nossas mensagens, racionalizando questões que só podem ser entendidas pelos espirituais (I Coríntios 2: 6 a 15).
            Mais uma vez: não prego uma alienação à cultura, até porque Paulo ensina que devemos reter aquilo que é bom, saudável (I Tessalonicenses 5: 21). Mas este bem deve estar abalizado às escrituras (I Timóteo 3: 14 a 17). Sejamos sábios para o bem, e inocentes para o mal (Romanos 16: 19).
  
            

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