terça-feira, 9 de abril de 2013

Paradigmas


            Para quê fomos chamados?
            A vida é feita de parâmetros, paradigmas, princípios. Todos nós temos isso incutido na nossa mente e é por esses parâmetros que analisamos situações, pessoas, lugares, escolhas e tomamos nossas decisões. Por mais que sejamos emocionais, voláteis, ainda que sejamos muitas vezes irracionais, no final das contas, são nossos princípios, sejam eles certos ou errados, que determinarão nossas atitudes, anseios, alvos, projetos.
            Isso depende de vários fatores, mas geralmente nossos princípios são criados por educação, seja pelos pais, avós, tios, pelo ensino, e por experiências marcantes, acontecimentos que acabam servindo de exemplo até o fim de nossas vidas. Se temos medo de altura é por que provavelmente passamos por maus bocados por causa de altura. Se somos propensos a timidez ou a autoestima elevada, provavelmente ela foi criada na nossa infância, por nossos parentes e amigos.
            Isso não é o nosso caráter, mas é por nossos princípios que manifestamos que somos. Caráter é algo mais profundo, envolve todos os princípios e ainda adiciona as coisas que aprendemos durante a nossa vida. Por isso podemos dizer que uma pessoa pode sim mudar de caráter, ainda que muitos princípios possam permanecer. Uma pessoa tímida por se tornar uma pessoa desenvolta, ativa, mas muitas vezes ela deixa resquícios dessa timidez, muitas vezes enclausurando seus pensamentos e sentimentos em si mesma.
            Eu não sou a favor do uso da psicologia nos púlpitos, para pregar, para ensinar, e até mesmo para explicar certas passagens. Isso é querer colocar oceano num copo d’água. Mas fui obrigado a usar da psicologia para aprofundar um pouco o tópico acima, porque no final das coisas, muitas vezes não compreendemos porque tomamos certas atitudes contrárias ao senso lógico. Achamos que tudo envolve diabo, demônios, trabalhos de macumba, e acabamos por demonizar nossa própria natureza, o que acho pior. Defendo a psicologia até certo ponto, mas no momento que ela procura explicar o sobrenatural, atribuindo tudo ao organismo, ao nosso cérebro, desacreditando que o mundo sobrenatural está acima disso, e tenta substituir princípios bíblicos por frases motivacionais ou regressões, creio que estamos trocando a justiça de Deus, Cristo, por nossos trapos de imundícia.
            Então chego ao ponto que queria: há muitas, muitas pessoas mesmo que tentam usar seus princípios, paradigmas, para justificar seu chamado. Pessoas que veem no seu modo de pensar, de agir, de planejar, como algo que caminha lado a lado com a vontade de Deus, dizendo que Deus o salvou porque ela é assim ou assado. Acham que sua intrepidez, astucia, visão, coragem, capacidade de liderar, são usados por Deus da maneira que eles acham melhor. Estamos reduzindo o evangelho, que é poder de Deus, a pessoas com suas capacidades humanas e mentes humanas tentando fazer o sobrenatural que só Deus pode fazer.
            Eu não estou dizendo que Deus não usa nosso potencial e conhecimento, experiência e sabedoria. Olhe para Paulo (Filipenses 3: 4 a 6). A questão é quando tentamos usar nossos princípios mundanos, humanos, carnais, para caminhar na vida cristã. Usar meios e artifícios escusos (tenho que falar de cd pirata, baixar coisas proibidas por direitos autorais), mesmo que por motivos espirituais, é deitar vinho novo em remendo velho (Mateus 9:17).
            São pequenas coisas que mancham nossa caminhada e podem, com o tempo, se tornarem brechas para erros ainda maiores. Mas o maior erro é viver a vida cristã com um foco natural. Estou falando daqueles que resumem sua vida espiritual a ministérios. Oram porque pregam, cantam, lideram, ensinam, fazem coisas. Quando resumimos o evangelho aos nossos propósitos pessoais, ainda que estes sejam espirituais, acabamos, aos poucos, perdendo a visão central.
            No livro Samuel está descrito um cenário terrível: Eli, sacerdote, estava com os olhos já obscurecidos e quase não enxergava. Ele não via as maldades de seus filhos, e já não tinha vigor e visão para corrigi-los. Ele era um sacerdote carnal, que já conhecera a Deus, mas já não o ouvia, tanto é que Samuel é que ouviu a voz de Deus (I Samuel 3). Quando fazemos da obra de Deus simplesmente um serviço, resumindo o ministério a ações e resultados, perdemos a visão espiritual, e passamos a viver da visão de outros. E pior, passamos a não enxergar o pecado que de perto nos rodeia (Hebreus 12: 1).
            Então, qual é visão central do evangelho? Deus nos chamou em Cristo para que?
Em João 3: 16 está escrito um dos versículos mais conhecidos da bíblia, senão, o maior deles. Há todo um peso porque foram palavras do próprio Jesus, e não uma interpretação bíblica de apóstolos, nem uma profecia, e nem uma promessa; é uma afirmação divina. Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele crê não pereça mais tenha vida eterna.
Deus nos chamou para a vida eterna. Mas isso não significa que esse objetivo só vai se iniciar quando formos para a Nova Jerusalém. Cristo definiu o que é vida eterna:
“E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” João 17: 3.
            Fomos chamados para conhecer a Deus por intermédio de Cristo (Mateus 11: 27). É em Cristo que habita toda a plenitude de Deus (Colossense 1: 19, 2: 9).
            Vejamos o que Paulo fala na Carta aos Efésios 3, a partir do verso 17:
            “Para que Cristo habite, pela fé, em vossos corações, afim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade. E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”.
            Nossa vida, nossa fé, nosso ministério não é nada comparado com a promessa de termos a plenitude do conhecimento de Deus por meio de Cristo (Efésios 1: 17 a 23). Precisamos entender que se nossa vida não for moldada diariamente por Cristo (Lucas 9:23) corremos o grande risco de salvarmos a muitos e perder a nossa salvação (Marcos 8:36).
            Talvez você esteja cansado, e sente que tudo o que tem feito parece não ser esperado ante ao esforço aplicado. Sim, você não está sozinho; todo crente sente esse peso. Mas precisamos ter em mente que temos todos os dias a oportunidade de levar todo esse cansaço a Jesus. Ele nos prometeu que nos aliviaria desta carga, mas se quiséssemos prosseguir, precisaríamos aprender dele (Mateus 11: 28 e 29).
            Que nossa vida não se resuma a ministérios e projetos, mas que nosso paradigma seja a conformação da nossa vida a imagem e semelhança de Cristo.

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